Em função da visão turva as cores e luzes se acentuavam em formas totalmete surreais.

Três pontos distintos de luz e três sombras enfileiradas seguindo ordenadamente meus passos fortes e atentos.

A lua brilhava quase cheia à minha frente, grandiosa. A única coisa capaz de transmitir calma e segurança, mas ao mesmo tempo assustar e amedrontar.

Estranhos surgindo. Diziam ‘Você está triste... Por que está triste, moça?’ e desapareciam sem esperar resposta.

Rua deserta. Escura. Estranhamente vazia e fria. Diferente de como costumava parecer, iluminada e cheia de rostos conhecidos.

Eu andando sozinha, escutando cada mínimo som causado pelo vento nas árvores ou por algum carro passando longe.

Cenário de filme de terror.

Mas, nesse final decepcionante, cheguei perfeitamente bem em casa.

Dia feio. Céus, como eu detesto segundas feiras. Quem foi o fdp que inventou as segundas feiras?
Poderíamos ter outra sexta no lugar das segundas... Seria muito mais divertido.

Até aceitaria uma quinta no lugar dessa horrenda segunda feira chuvosa e cinzenta.

Foi um dia meio solitário. Chato. Frio. Tedioso. Úmido. Desagradável. Inútil. Totalmente substituível.

Mas, afinal, eu me sinto feliz.

E é aí que você, solitário leitor que não tem mais porra nenhuma para fazer e resolveu dar uma voltinha por aqui, pára e pensa com cara de descrente:

“Só pode ser doida... Reclama, reclama, reclama e depois fala que tá feliz. ¬¬”

Mas, horas, é um bom sinal se sentir ao menos mínimamente feliz por mais que as coisas não tenham se saído muito bem, certo?

E quanto ao doida, bom, eu já estou ouvindo vozes e vendo escorpiões no teto... Então acho que já não restam dúvidas.

"Não deixe de acreditar no amor, mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguém que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá, manifeste suas idéias e planos, para saber se vocês combinam, e certifique-se de que quando estão juntos aquele abraço vale mais que qualquer palavra..."